O discipulado na plantação de igrejas
Winfield Bevins em seu livro Multiplying Disciples registra aqui alguns dos traços de caráter dos movimentos de fazer discípulos.
Fazer discípulos é motivado por uma preocupação profunda e amorosa pelas pessoas perdidas sem salvação em Jesus.
Fazer discípulos é a missão central e fundamento da igreja e tudo o que a igreja faz.
Cada decisão tomada e cada dólar gasto passam pelo filtro: Como isso nos ajuda a fazer discípulos?
A oração e o jejum estão significativamente arraigados – acontece algumas vezes por semana e é intensificado em épocas especiais – pedindo a Deus que capacite a missão de alcançar o maior número possível.
Quase todos foram mobilizados para a missão de fazer discípulos.
Os líderes da igreja estão focados em treinar e apoiar continuamente os grupos, classes e bandas de discipulado.
Há uma alegre expectativa de que todos:
a) Obedeçam a todos os mandamentos de Jesus e
b) Juntem-se juntem à missão.
Todos entendem a missão e o método a ser utilizado.
Um movimento de discipulado resulta regularmente na plantação de novas igrejas.
Em Mateus 28, nosso Salvador nos diz para fazer discípulos. Bill Hull aponta para esse detalhe:
“As duas palavras que Jesus falou aos Seus discípulos tiveram um peso enorme. Os discípulos entenderam que “fazer discípulos” significava mais do que simplesmente convencer alguém a acreditar em Jesus. Esses homens que caminharam e ouviram Jesus nos últimos três anos de suas vidas interpretaram a ordem de seu líder como significando que deveriam fazer dos outros o que Jesus fez deles.”
O veterano do discipulado Robert Coleman explica:
“A Grande Comissão não é meramente ir até os confins da terra pregando o evangelho (Marcos 16:15), nem batizar muitos convertidos no nome do Deus trino, nem ensiná-los os preceitos de Cristo, mas para 'fazer discípulos' - para edificar pessoas como eles, que foram tão constrangidos pela comissão de Cristo que não apenas seguiram, mas também levaram outros a seguir seu caminho.”
Quando as prioridades não estão acertadas, logo temos os desvios. A rota começa se perder quando poucos graus começam a ser aplicados, para um lado ou para outro.,mudando o curso de forma desastrosa.
O resultado dessa liquidação de princípios no cristianismo é o que o evangelista mártir Dietrich Bonhoeffer chamou de “graça barata” em sua obra mais famosa, Discipulado, fez uma famosa comparação com a graça barata:
“Graça barata significa a justificação do pecado sem a justificação do pecador. A graça sozinha faz tudo o que eles dizem, e assim tudo pode permanecer como antes. “Tudo pelo que o pecado não poderia expiar.” Bem, então, deixe o cristão viver como o resto do mundo, deixe-o modelar-se nos padrões do mundo em todas as esferas da vida, e não presunçosamente aspirar a viver uma vida diferente sob a graça do que sua antiga vida sob o pecado. Graça barata é a graça que concedemos a nós mesmos. Graça barata é a pregação do perdão sem exigir arrependimento, batismo sem disciplina da igreja, comunhão sem confissão. Graça barata é graça sem discipulado, graça sem a cruz e graça sem Jesus Cristo, vivo e encarnado”.
É nesse ponto que começa a verdadeira reflexão. Entenda que, somente ter essa informação, não levará a mudança real. E sabendo que há muitas coisas que podem - e precisam! - ser implementandas, quero começar com a tabela de desempenho. Sim, o placar nunca mente. Todas as informações inseridas ali trazem os detalhes que fazem o resultado. Nesse dia de hoje (30/11/2022) está acontecendo a terceira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de Futebol da FIFA no Qatar. Em uma competição bastante acirrada, todos os pontos contam. O primeiro critério desempate é saldo de gols. No grupo C (Argentina, México, Polônia e Arábia Saudita), foi o saldo de gls que fez a diferença. O México precisava de três gols de diferença para ascender à segunda posição do grupo e assim avançar. Como sofreu um gol da Arábia Saudita, mesmo a Polônia perdendo de 2 a 0 para a Argentina, estas duas últimas foram para as Oitavas de final.
Como isso se aplica então na plantação de igrejas? Igreja que são de fato multiplicadoras, são relativamente simples. A maioria envolve métricas de implantação e multiplicação, em vez de acumulação e crescimento. Eles incluem coisas como:
O número de discipuladores que estão fazendo discípulos até a terceira geração,
O número de líderes que conhecem e foram mobilizados em seu chamado único para levar a plenitude de Jesus a todos os cantos da sociedade,
A transformação ocorrendo nos campos missionários comunitários abraçados por missionários cotidianos mobilizados de sua igreja
O número de igrejas plantando igrejas que você começou.
Somente você pode decidir e agir de acordo com as medidas específicas que adota. Mas você estará limitado pela natureza de sua própria tabela pessoal.
Quero concluir com uma ilustração, uma metáfora que Larry Walkemeyer desenvolveu em sua própria jornada para adotar uma tabela de nível 5 (Igreja Multiplicadora). Larry compartilha uma poderosa ilustração de um líder que se multiplica — e o líder que Deus usa. Ele pinta um quadro de um jogo de basquete da NBA que mudou drasticamente as regras. Além dos arremessos de quadra valerem dois ou três pontos, cada assistência (um passe que habilita outra pessoa a marcar) vale cinco pontos. O impacto, diz ele, alteraria totalmente o jogo.
E se fazer assistências (formar heróis) valesse mais pontos do que fazer cestas (ser o herói)? Ele ainda diz:
“Acredito que Deus marca as assistências. Ele está procurando por 'garçons' ainda mais do que por 'atiradores'. Ele está procurando por líderes que estão mais preocupados com quem eles podem lançar do que com quantos eles podem liderar. Por muito tempo, o placar foi distorcido e os líderes não aproveitaram nosso potencial do Reino.”
Meu desejo é que você possa entender com clareza que o discipulado aponta para fora da igreja e não para dentro. Aqui que as ideias de fazer uma sala de aula e ensinar textos bíblicos se desfaz. Em nenhuma hipótese ensinar é coisa pouca. O que não pode acontecer é acreditar que o ensinar teoria faz com que as pessoas simplesmente se sintam chamadas e saiam fazendo discípulos. Toda a estrutura da igreja precisa estar organizada na visão de formação para fora. Visando alcançar até os confins da terra, começando com a sua própria rua.